quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Projeto propõe trocar nome da avenida Adhemar de Barros em Salvador

  • "A ideia é ressignificar o nome de uma avenida tão importante", diz Kim Guerra
Foi após um almoço em família que o estudante Kim Guerra, 19 anos, teve a ideia que virou projeto de lei em tramitação na Câmara de Salvador: alterar o nome da avenida Adhemar de Barros, localizada em Ondina, para avenida Milton Santos.
"Eu perguntei para o meu pai, Enéas Guerra, quem foi Adhemar de Barros. Ele começou a me explicar sobre a biografia dele, inclusive a fama de corrupto", relata Kim.
Ao saber detalhes da história de vida de Adhemar, o estudante do bacharelado interdisciplinar de arte da Universidade Federal da Bahia (Ufba) lançou, via internet, uma petição propondo mudar o nome da avenida.
Incomoda Kim o fato de o endereço de um dos principais campus da Ufba ter o nome de um político tão polêmico e que, até onde se sabe, não teve ligações tão fortes com a Bahia a ponto de justificar a homenagem.
Além disso, no campus fica o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (Ihac).  
Ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, Adhemar de Barros (1901-1969) teve o nome envolvido em diversas denúncias de corrupção, inclusive ficou conhecido como "o político que rouba, mas faz".  
Já o baiano Milton Santos foi um dos grandes intelectuais da área de ciências humanas e escreveu textos que revolucionaram os estudos de geografia.   
 
Rede - A petição online recolheu cerca de 900 assinaturas. Kim Guerra também criou camisetas defendendo a mudança de nome, blog  e um perfil no Facebook. 
O movimento começou em 2012 e  levou o vereador Gilmar Santiago (PT)  a apresentar um projeto de lei para mudar o nome da avenida.
"Salvador tem ruas com nomes de pessoas que não possuem nenhuma relação com a Bahia. No caso dessa avenida, é mais complicado ainda", diz  o vereador.
Para ele, a mudança para Milton Santos será uma justa homenagem ao intelectual baiano. "Ele é referência quando se fala em globalização e geografia, pensada como uma ciência que também inclui o humano", diz.
O vereador confia que vai encontrar  apoio entre os colegas para fazer o projeto ser aprovado.
"O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça. Espero que todos os vereadores  percebam a importância dessa mudança", completa.
Com o apoio do vereador Waldir Pires (PT), que integra a comissão, ele já pode contar: "Acho uma iniciativa brilhante e tem todo o meu apoio. Fui contemporâneo de Milton na Faculdade de Direito".
Waldir, inclusive, está dando entrada em um projeto de lei que proíbe a adoção em locais públicos de nome de pessoas que tenham violado direitos humanos ou desviado dinheiro público.
O arquiteto e historiador Francisco Senna afirma que fica com o pé atrás quando o assunto é substituição de nomes de locais públicos. Mas, neste caso, considera que há uma causa justa. "É óbvio que Milton Santos  possui bem mais relevância para homenagear uma das principais avenidas da cidade do que Adhemar de Barros".
Senna destaca a única homenagem que conhece a Milton Santos em espaço público na capital baiana: uma escola municipal em Mata Escura. "Esta escola foi construída na administração de Antônio Imbassahy", relata.
Senna diz, ainda, que não tem informações sobre os motivos da homenagem ao ex-governador paulista. "Já busquei esta informação e não encontrei, inclusive recentemente, quando estava escrevendo um texto sobre a região de Barra e Ondina".

Milton Santos deu novo foco ao estudo da geografia

Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas (a 600 km de Salvador) e mudou-se para a capital ainda criança. Durante dez anos (1954-1964), integrou o quadro de jornalistas de A TARDE.
Graduado em direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), fez  doutorado em geografia na Universidade de  Strasbourg, na França, em 1958.
Professor da Universidade Católica do Salvador (Ucsal) e da Ufba, Milton Santos deixou o Brasil em 1964 devido ao golpe militar.
Nesse período, começou a carreira internacional de dedicação ao magistério. Foi professor convidado nas universidades de Toulouse, Bordeaux,  Sorbonne, Massachusetts Institute of Technology (MIT), dentre outras.
Clássico - De volta ao Brasil, em 1977 ensinou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade de São Paulo (USP), de onde foi professor titular até a aposentadoria.
Seu  livro Por Uma Geografia Nova – Da crítica da geografia a uma geografia crítica tornou-se um clássico.
Cleidiana Ramos

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A vingança da Geografia


A geografia não morreu, por sinal, goza de boa saúde e retorna como preocupação acadêmica de estudos e cotidiana, na vida de todos nós


A geografia acabou. A geografia está morta. O espaço já não é mais uma preocupação, uma questão a ser resolvida. Com as tecnologias de comunicação, as fronteiras geográficas não existem mais. Esses eram os prognósticos e futurologias de alguns teóricos, cientistas e jornalistas, a partir dos anos 1990. 

Mas isso não se comprovou e tampouco se efetivou. A geografia não morreu, por sinal, goza de boa saúde e retorna como preocupação acadêmica de estudos e cotidiana, na vida de todos nós. 

No último mês de março, o Jornal The Economist publica o artigo The Internet. The revenge of geography (Internet. A vingança da Geografia), com algumas pistas que comprovam que a virtualidade não acabou com o espaço físico, ao contrário, demonstra que existe hoje uma interconexão entre eles, para facilitar encontrar dados, "costurando os mundos, supostamente separados entre virtual e físico". 

Inclusive, é sempre bom lembrar que se a Internet é vista como uma "nuvem", um mundo digital paralelo e onipresente, seus usuários vivem em um mundo físico, onde as limitações e fronteiras geográficas são constantes e inevitáveis. 

Várias tecnologias são destacadas no artigo para comprovar as costuras feitas até agora. Tecnologias de geolocalização, que mostram a localização física do usuário, já são comuns em celulares, tablets e outros dispositivos móveis. São várias as empresas de serviços de geolocalização: Quova, Digital Envoy, NetGeo, InfoSplit através dos Protocolos de Internet (IP em inglês). 

O uso dessa tecnologia atinge desde a localização de pessoas conectadas até fornecedores de comércio eletrônico e empresas de leilões que querem dificultar a venda de produtos ilegais nos países. É o caso dos cassinos que são proibidos em alguns países. Com o uso da tecnologia georeferencial, sites podem impedir o jogo online nesses países. O mundo artístico não fica de fora, pois por meio da geolocalização é possível fazer a gestão dos direitos de transmissão de músicas e vídeos. 

Quer encontrar um local com Wi-Fi disponível? Sim, é possível. Sites como 80211hotspots.com atuam como diretórios globais de Wi-Fi. De maneira simples, digitando o nome de uma rua ou o CEP, aparece uma listagem com os pontos Wi-i abertos. Em algumas cidades norte-americanas, os entusiastas Wi-Fi produziram mapas mostrando a localização de hotspots. 

Uma experiência física foi feita pelo designer inglês Matt Jones: Ele pintou nas calçadas da cidade vários símbolos que indicam se o sinal de Wi-Fi é forte, fraco e se há sinal. A proposta era mostrar mundos paralelos entre a internet e o físico. 

Outra forma de combinar a geografia do virtual com a do concreto são as propostas e programas da MetaCarta, empresa estadunidense que desenvolveu o software geo-parser, que localiza dados e referências geográficas - como países, cidades, estados, marcos e monumentos famosos - em documentos, sendo buscados em um dicionário contendo 10 milhões de verbetes. Por exemplo, se a palavra Sorocaba aparece perto de Votorantim, é bem provável que o documento seja das imediações dessas cidades, o passo seguinte é aplicar um "geomarcador". A empresa informa um dado interessante: cerca de 80% dos documentos de texto contêm alguma referência geográfica. 

Uma utilidade urbana interessante são os grafites digitais sem fio. Será que aquele restaurante tem boa comida? A resposta pode estar no grafite digital deixado por clientes que já comeram neste restaurante. Tudo o que você precisa fazer é acessar todos esses grafites "deixados virtualmente no entorno do restaurante e que estão flutuando ao redor", o que pode ser feito a partir do seu celular.O pesquisador californiano, caminhando pela cidade, deparou com uma planta da qual ele queria mais detalhes e gostaria que nela tivesse um Post-it digital (aqueles lembretes colantes e coloridos encontrados nas papelarias) com as informações sobre a planta, isso é conhecido como WorldBoard. Afirma o pesquisador: "A WorldBoard é, em certo sentido, maior do que a world wide web, porque permite ao ciberespaço (o mundo digital dos bits) sobrepor e registrar no espaço real (o mundo físico de átomos).". 


Em 2012, Robert D. Kaplan, um jornalista estadunidense e correspondente estrangeiro, lançou o livro The Revenge of Geography: What the Map Tells Us About Coming Conflicts and the Battle Against Fate, que podemos traduzir como "A Vingança de Geografia: O que o mapa nos diz sobre a vinda dos conflitos e a batalha contra o destino", no qual, através de relatos e teorias tradicionais da geografia, baseadas nos climas e relevos e nos geógrafos que debateram a geopolítica, o autor demonstra a importância dos fatores físicos na formação dos diversos povos e os conflitos vividos, e como a geografia permanece sendo um poderoso pilar dos eventos mundiais. 

A proposta de analisar os conflitos a partir de fatores climáticos e físicos parece uma provocação, mas o autor deixa claro que não pretende afirmar que esses fatores determinam os povos, mas que contribuem para uma ou outra iniciativa. Mas deixemos este para uma segunda revanche. 

Paulo Celso da Silva é professor e coordenador do Programa de Mestrado em Comunicação e Cultura da Uniso (paulo.silva@prof.uniso.br




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

VII Congresso Brasileiro de Geógrafos (CBG)

Associação dos Geógrafos Brasileiros


A AGB e a Geografia brasileira no contexto das lutas sociais frente aos projetos hegemônicos

6 a 12 de julho de 2014 – Vitória/ES

Primeira Circular
O Congresso Brasileiro de Geógrafos – CBG, maior evento da Geografia brasileira, realiza-se a cada 10 anos desde 1954, reunindo geógrafos (estudantes de graduação e pós-graduação, professores da educação básica e do ensino superior, pesquisadores, técnicos e todos aqueles que pensam e agem no mundo a partir da Geografia) de todo Brasil para debater os rumos da Geografia brasileira e da AGB. Em sua VII edição, a se realizar em Vitória/ES entre 6 e 12 de julho de 2014, no Campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo(UFES), Av. Fernando Ferrari, No 514, Goiabeiras, Vitória/ES. O CBG terá como tema “A AGB e a Geografia brasileira no contexto das lutas sociais frente aos projetos hegemônicos”.
No momento histórico que o país atravessa, com grandes manifestações populares que colocam em questão o modelo de desenvolvimento brasileiro, a AGB se soma aos que, nas ruas, nas salas de aula, no seu cotidiano buscam contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática, justa e igualitária. Neste sentido, vislumbramos o VII CBG como um processo que abrange temporalidades (i) de balanço dos últimos 10 anos (da entidade, da sociedade e da geografia brasileira), (ii) de projeção de 10 anos para o futuro, e (iii) de um ano e meio de organização do evento. Nesta perspectiva estamos solicitando à comunidade geográfica contribuições para a construção do CBG em torno de três eixos: 1) A AGB e a Sociedade; 2) A AGB e sua institucionalidade; 3) A AGB e a Geografia brasileira.
Para isto, estamos propondo um CBG com as seguintes atividades: 
EDPs – Espaços de Diálogos e Práticas
GTs – Grupos de Trabalhos
ESC – Espaços de socialização de coletivos
TCs – Trabalhos de Campo
MRs – Mesas Redondas
Atividades Culturais
Manifestação
Plenárias Políticas
Plenária Final
Assembleia das Locais
Diálogo de Abertura
Estas atividades estarão dispostas da seguinte forma na programação do Congresso:
 
 * Nestes dias às 17h serão realizados os jogos semifinais da Copa do Mundo.
A construção coletiva do CBG, iniciada na Plenária Final do XVII ENG em Belo Horizonte e aprofundada nas Reuniões de Gestão Coletiva ao longo do último ano, seguirá o seguinte calendário: 
Prazo para envio de Resumos para os EDPs– 07/03/2014
Prazo para envio dos Trabalhos Completos para os EDPs – 05/05/2014
Prazo para Envio de Propostas de ESCs, TCs e GTs – 04/04/2014
Com essa 1ª Circular convidamos a comunidade geográfica a se inserir, através de suas Seções Locais, no processo de construção do VII CBG.
Atenciosamente,
Diretoria Executiva Nacional – 2012/2014
Fonte: agb.org.br


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pesquisador lembra 80 anos da demolição da Igreja da Sé em Salvador



Fernando da Rocha Peres é especialista na história da antiga Sé da Bahia

Verena Paranhos

Em 7 de agosto, Salvador lembra um dos episódios que marcaram seu patrimônio arquitetônico, a demolição da Igreja da Sé em 1933. Fernando da Rocha Peres é um dos principais estudiosos deste acontecimento histórico, ápice do processo de reforma urbanística iniciado por J.J. Seabra em 1912.  Juntamente com os professores Antonio Heliodoro Sampaio e Pedro de Almeida Vasconcelos, Peres é um dos integrantes da mesa redonda Oitenta anos da demolição da Igreja da Sé, que acontece nesta quinta-feira, às 17 horas, no Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória). Nesta entrevista, o historiador e poeta fala sobre o planejamento urbano da cidade e o processo histórico que culminou na demolição da igreja.
A TARDE - Qual a importância de relembrar, 80 anos depois, a demolição da Igreja da Sé?
Fernando da Rocha Peres - É acender um alerta contra aqueles que projetam sem um planejamento extenso. No caso de Salvador, fizeram esta reforma urbana e pararam no Farol da Barra. Por que não estenderam para as áreas livres de edificações que existiam, como Pituba, Amaralina, Rio Vermelho? A tendência de modernização da cidade que deveria ter sido efetuada para o lado de lá, não foi. Quando foi, já tinham destruído o que era velho. O que é novo hoje é este horror que está aí sem planejamento.
AT - Como o senhor vê as políticas atuais de planejamento urbano na cidade?
Peres - Sinto a falta de um planejamento e de um continuísmo naquilo que já foi planejado. Planejou-se muito, executou-se muita coisa, mas não houve continuidade, nem novo planejamento para outras situações que se impõem. Modernizar não é só transformar para dizer que a cidade está mais limpa, mais renovada, essa renovação implicaria em pensar no conforto das pessoas enquanto vivem conjuntamente num local.
ATarde - O senhor vem acompanhando a nova proposta de requalificação da orla de Salvador?
Peres - Confesso que desconheço, mas se ela visa somente à modernização no sentido de embelezamento e alargamento de ruas, sem infra-estrutura, é uma proposta igual àquela perpetrada no tempo de Seabra. O que é preciso é construir novas ruas e bairros com saneamento urbano. Quando pensam em alargar a rua é para que o automóvel, o bonde, o transporte, seja ele qual for, circule melhor. Não pensam nas pessoas.
AT - O que mudou na mentalidade da classe dirigente dos anos 1970, época que o senhor elaborou a tese que dá base ao livro Memória da Sé, para cá?
Peres - Acho que mudou muito pouco, porque a mentalidade hoje ainda se tornou mais afeita a um comportamento extremamente imediatista, aproveitador das situações, sem cogitar aquele que habita a cidade. Os governantes, de um modo geral, não pensam nos seus eleitores, pensam naquilo que podem fazer sem o necessário planejamento. Se há uma continuidade é neste sentido. Fazer por fazer. O sujeito inventa que chegou o momento de construir a ponte para Itaparica, então vamos construir a ponte. Já estão demonstrando que essa ponte não vai solucionar, ela vai complicar ainda mais.
AT - Quais interesses foram articulados à época e culminaram na demolição da Igreja da Sé?Peres - O que marca primeiro esta questão é o interesse do poder econômico, representado aqui pela Light, pela introdução do bonde no sistema viário e urbano da cidade, que pressionou muito a autoridade eclesiástica e o poder público para decidir a questão. O poder econômico não tinha força legiferante nem executiva. Só o poder público representado pela prefeitura (ex-intendência municipal) e pelo governo do estado poderiam decidir a questão, que começou no governo de J. J. Seabra e terminou na gestão de Juracy Magalhães, um interventor militar na Bahia. 1933 é uma data politicamente muito significativa por causa da ditadura Vargas, um sistema político de exceção. Por outro lado, só o poder eclesiástico poderia concordar com a demolição, representado  pelo então bispo Dom Augusto Alves da Silva. Este apoio foi lastreado em muitas gratificações. 300 contos de réis foram pagos à arquidiocese para que ela consentisse. A sociedade era muito materialista.
AT - A atuação dos jornais foi importante no apoio da população à derrubada da igreja?
Peres - A mídia, desde 1912 estribada no ideário de J.J. Seabra, pregou de forma constante a reforma urbana da cidade e a demolição da Sé. A TARDE foi fundado em 1912, haviam outros jornais, todos fazendo um coro pró-demolição. Evidentemente não deixavam de noticiar também os contra a demolição. Mas o invólucro da pílula da demolição era mais atrativo e a ideologia do progresso foi pregada através da imprensa e entranhou-se na mentalidade da população, que pendeu para o lado mais favorável, tanto que não houve uma manifestação popular como está havendo agora. Hoje a mídia tradicional está perdendo lugar para a mídia internética,  que está levando esse povo pra rua.
AT - Que outros monumentos foram destruídos para a construção da Avenida 7 de Setembro?
Peres - A reforma urbana foi iniciada em 1912 com um espírito demolidor, que destruiu monumentos religiosos, como a Igreja da Ajuda, a Igreja de São Pedro, a Igreja do Rosário e as Mercês. São Bento não foi demolido por inteiro porque o abade resistiu conjuntamente com a comunidade beneditina e os fiéis da área.  Desde o início do projeto a Sé já estava arrolada dentre aqueles monumentos que iriam ser demolidos.
AT - O projeto de reurbanização poderia ter sido feito de forma a preservar a Sé?
Peres - No meu livro você pode ver que poderia ter sido feito de outra forma, pelo menos no caso da Sé. Já que tudo tinha sido demolido, poderia-se preservar a Sé como  símbolo de uma identidade religiosa, cultural. Foi a última etapa, porque eles não conseguiram demolir São Bento, nem dar continuidade à Avenida 7 de Setembro, que deveria seguir pelo Pelourinho e chegar até a Ladeira da Água Brusca. Assim, seria necessária a demolição de grande parte da arquitetura civil e eclesiástica existente na área do Pelourinho.

História da igreja da Sé

A Igreja da Sé começou a ser construída de pedra e cal em 1552, de frente para a  Baía de Todos-os-Santos, onde hoje está o monumento da Cruz Caída, de Mário Cravo Jr. A demolição da igreja, em 7 de agosto de 1933, fez parte da reforma urbanística iniciada em 1912, no governo de José Joaquim Seabra. Sua  demolição  foi justificada como imprescindível para a introdução do bonde de tração no sistema viário urbano. 
O projeto, inspirado ideologicamente na modernização de Paris e em ideais de progresso, também  previa a criação da Avenida 7 de Setembro, que ligaria o Distrito da Sé ao Farol da Barra, regiões na época residenciais. Outros monumentos religiosos foram destruídos para a implantação da avenida, tendo o Mosteiro de São Bento sido preservado por conta de protestos da comunidade beneditina.

Fonte:atarde.uol.com.br


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Pesticidas X Abelhas: Cientistas descobrem o que está matando as abelhas, e é mais grave do que se pensava

As vendas de fungicidas cresceram mais de 30% e as vendas de inseticidas também cresceram significativamente no Brasil durante o primeiro trimestre de 2013. Divulgou a suíça Syngenta, uma das maiores empresas de agroquímicos e sementes do mundo. Crédito: Ben Margot/AP
























As vendas de fungicidas cresceram mais de 30% e as vendas de inseticidas também cresceram significativamente no Brasil durante o primeiro trimestre de 2013. Divulgou a suíça Syngenta, uma das maiores empresas de agroquímicos e sementes do mundo. Crédito: Ben Margot/AP

Como já é sabido, a misteriosa mortandade de abelhas que polinizam US $ 30 bilhões em cultura só nos EUA dizimou a população de Apis mellifera na América do Norte, e apenas um inverno ruim poderá deixar os campos improdutíveis. Agora, um novo estudo identificou algumas das prováveis causas ​​da morte da abelhas, e os resultados bastante assustadores mostram que evitar o Armagedom das abelhas será muito mais difícil do que se pensava anteriormente.
Os cientistas tinham dificuldade em encontrar o gatilho para a chamada Colony Collapse Disorder (CCD), (Desordem do Colapso das Colônias, em inglês), que dizimou cerca de 10 milhões de colmeias, no valor de US $ 2 bilhões, nos últimos seis anos. Os suspeitos incluem agrotóxicos, parasitas transmissores de doenças e má nutrição. Mas, em um estudo inédito publicado neste mês na revista PLoS ONE, os cientistas da Universidade de Maryland e do Departamento de Agricultura dos EUA identificaram um caldeirão de pesticidas e fungicidas contaminando o pólen recolhido pelas abelhas para alimentarem suas colmeias. Os resultados abrem novos caminhos para sabermos porque um grande número de abelhas está morrendo e a causa específica da DCC, que mata a colmeia inteira simultaneamente.

Quando os pesquisadores coletaram pólen de colmeias que fazem a polinização de cranberry, melancia e outras culturas, e alimentaram abelhas saudáveis, essas abelhas mostraram um declínio significativo na capacidade de resistir à infecção por um parasita chamado Nosema ceranae. O parasita tem sido relacionado a Desordem do Colapso das Colônias (DCC), embora os cientistas sejam cautelosos ao salientar que as conclusões não vinculam diretamente os pesticidas a DCC. O pólen foi contaminado, em média, por nove pesticidas e fungicidas diferentes, contudo os cientistas já descobriram 21 agrotóxicos em uma única amostra. Sendo oito deles associados ao maior risco de infecção pelo parasita.
O mais preocupante, as abelhas que comem pólen contaminado com fungicidas tiveram três vezes mais chances de serem infectadas pelo parasita. Amplamente utilizados, pensávamos que os fungicidas fossem inofensivos para as abelhas, já que são concebidos para matar fungos, não insetos, em culturas como a de maçã.
“Há evidências crescentes de que os fungicidas podem estar afetando as abelhas diretamente e eu acho que fica evidente a necessidade de reavaliarmos a forma como rotulamos esses produtos químicos agrícolas”, disse Dennis vanEngelsdorp, autor principal do estudo.
Os rótulos dos agrotóxicos alertam os agricultores para não pulverizarem quando existem abelhas polinizadoras na vizinhança, mas essas precauções não são aplicadas aos fungicidas.
As populações de abelhas estão tão baixas que os EUA agora tem 60% das colônias sobreviventes do país apenas para polinizar uma cultura de amêndoas na Califórnia. E isso não é um problema apenas da costa oeste americana – a Califórnia fornece 80% das amêndoas do mundo, um mercado de US $ 4 bilhões.
Nos últimos anos, uma classe de substâncias químicas chamadas neonicotinóides tem sido associada à morte de abelhas e em abril os órgãos reguladores proibiram o uso do inseticida por dois anos na Europa, onde as populações de abelhas também despencaram. Mas Dennis vanEngelsdorp, um cientista assistente de pesquisa na Universidade de Maryland, diz que o novo estudo mostra que a interação de vários agrotóxicos está afetando a saúde das abelhas.
“A questão dos agrotóxicos em si é muito mais complexa do acreditávamos ser”, diz ele. “É muito mais complicado do que apenas um produto, significando naturalmente que a solução não está em apenas proibir uma classe de produtos.”
O estudo descobriu outra complicação nos esforços para salvar as abelhas: as abelhas norte-americanas, que são descendentes de abelhas europeias, não trazem para casa o pólen das culturas nativas norte-americanas, mas coletam de ervas daninhas e flores silvestres próximas. O pólen dessas plantas, no entanto, também estava contaminado com pesticidas, mesmo não sendo alvo de pulverização.
“Não está claro se os pesticidas estão se dispersando sobre essas plantas, mas precisamos ter um novo olhar sobre as práticas de pulverização agrícola”, diz vanEngelsdorp.
Fonte: [ Quartz News ]
Abelhas estão morrendo aos milhões. Por que? O destacado apicultor Dennis van Engelsdorp analisa o importante lugar que esta gentil e incompreendida criatura tem na natureza e o mistério que existe por trás de seu alarmante desaparecimento.
Veja o vídeo clicando AQUI