terça-feira, 25 de outubro de 2011

XII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA

XII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA
De 16 a 19 de novembro.
Universidade Federal de Minas Gerais.

XII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA CIÊNCIA E UTOPIA: POR UMA GEOGRAFIA DO POSSÍVEL BELO HORIZONTE/MG, 16 A 19 DE NOVEMBRO


Propor como tema central de um simpósio as relações entre aquela que chegou a ser alcunhada como ciência dos lugares e aquilo que não tem lugar soa como um disparate. Afinal, que sentido poderia ter um simpósio cuja proposta não dissocia conhecimento científico e pensamento utópico, comumente associado a um déficit de ciência? A proposta central desta edição do Simpósio de Geografia Urbana, porém, nada tem de teológica. Tampouco busca conciliar fé e ciência. Portanto não exorta a seguir confiando religiosa e passivamente na crença de um futuro melhor como coroamento de um presente cientificamente controlado e dirigido.


Ela não busca fortalecer o papel da ciência e da técnica para submeter o presente à visão finalista de uma história idealizada. O que ela reivindica é o saber efetivo sobre o real, sobre o movimento da história que se faz no presente, sobre as tramas e os dramas pelos quais se tecem as condições de sua existência e de sua reprodução, sobre as contradições nas quais se torcem e retorcem as capacidades humanas e se desdobra a dialética dos possíveis, se delineia e prefigura o porvir. A proposta parte, e é parte, de uma teoria. A teoria crítica do presente, da atualidade repleta de possíveis, que não se limita a constatar, descrever e classificar fenômenos. Ela busca compreender as tendências, o movimento que se oculta e se manifesta neles e por eles. Ela não aborda o presente como uma configuração daquilo que o passado trazia como origem e destino. Ela não toma a atualidade como um ponto que conduzirá a um futuro traçado desde hoje como meta.


Ela parte do possível, do utópico, daquilo que está contido em germe na realidade, para examinar o atual e o realizado, para reinterpretar e ressignificar passado e futuro segundo uma outra inteligibilidade do real. No momento em que o capital cada vez mais se manifesta como uma formação que não admite nenhum exterior, reproduzindo-se em extensão e profundidade, tragando em seu favor o conjunto da vida social e, portanto, fazendo da própria urbanização um campo imprescindível para a reprodução capitalista da riqueza, não surpreende que as ciências e as técnicas encontrem-se firmemente engajadas nas estratégias de valorização do espaço, nas tarefas de modernização de diferentes realidades urbanas. Não é de hoje também que muitos geógrafos se engajam firmemente nesse fim em si mesmo, pouco ou nada preocupados em interrogar seus sentidos e finalidades.


Desde sua primeira edição em 1989, o Simpósio Nacional de Geografia Urbana caracteriza-se como evento no qual estudiosos e pesquisadores expõem e debatem o alcance e o limite de apreensão e compreensão da urbanização, os desafios e esforços para a clarificação do horizonte de métodos, teorias, conceitos e metodologias fundantes e fundamentais no qual se movimenta o pensamento em direção ao conhecimento do real. Na busca do movimento que se oculta e se manifesta nos e pelos fenômenos, é inescapável ao pensamento pôr-se também em movimento, abandonando as rotinas que o mantêm abaixo e/ou aquém do real.


Enquanto sensibilidade e consciência avançada para os pontos de mutação de uma época, enquanto força e capacidade para se colocar no ponto alto dessa época e, como conhecimento científico, informá-la sobre o horizonte das transformações nela inscritas enquanto possibilidades e impossibilidades, o pensamento não pode abrir suas asas somente ao crepúsculo. Um evento como o Simpósio Nacional de Geografia Urbana, tem a densidade que lhe foi atribuída pelos que, de diferentes maneiras, o fizeram até aqui. Densidade consubstanciada na medida em que a capacidade criadora, liberando-se a duras penas do que a subordina, consegue afirmar a sua diferença, apreendendo o urbano teórica e conceitualmente, recusando, para superar, as abordagens que estancam em sua fragmentação, em domínios parciais.


Para realizar o novo, contido em germe no real, é imprescindível um novo modo de pensar. Elaborado pela teoria crítica, o possível concebido enquanto utopia concreta orienta o pensamento e informa a ação. Ele tem implicações práticas, concretas, estratégicas. Ele permite compreender que a industrialização (em acepção ampla, o epicentro da reprodução capitalista da riqueza) não guarda em si mesma seu sentido e finalidade. Ele exige uma outra racionalidade para reorientar a industrialização, suas determinações, suas forças produtivas, suas conquistas.


Nessa perspectiva, ela deixa de ser uma finalidade para alcançar seu fim: um meio para a realização da sociedade urbana. A urbanização, por seu turno, deixa de ser considerada numa perspectiva eminentemente espacial, de acordo com a racionalidade advinda da industrialização. As estratégias que buscam desenvolver a sociedade urbana, entranhada como possibilidade nas sociedades fundadas na industrialização, não se coadunam com as representações que se limitam a propor uma urbanização melhorada pela e para a modernização. O pensamento crítico instaura o ato de acusação contra as representações que conduzem à renúncia do possível enquanto utopia concreta.


Nada portanto de um imaginário abstrato, devaneante, pois se trata de abordar o espaço de maneira diferente da efetuada pelas ciências tal como consagradas, que o recortam, o fragmentam, o analisam, mas não chegam a atingir uma síntese superior ao deixar na sombra a dialética do possível-impossível constitutiva do real. Virtual, complexo e transdisciplinar por excelência, o urbano recusa qualquer abordagem que o fragmente em domínios parciais do conhecimento disciplinar. Urge pensá-lo, entre e além das disciplinas, para construir o futuro, para nós e nossos filhos. É o nosso convite para este Simpósio de Geografia Urbana. É a nossa esperança!


A programação das atividades do evento encontra-se explicitada no quadro abaixo.

Horário

16/11 (quarta-feira)

17/11 (quinta-feira)

18/11 (sexta-feira)

19/11 (sábado)

8:30 -12:00

Abertura do evento

seguida de Palestra

Mesas-redondas

simultâneas

Palestra

Trabalhos de campo

14:00 – 18:00

Grupos de Trabalhos

Grupos de Trabalhos

Grupos de Trabalhos

19:00 - 22:30

Mesas-redondas simultâneas

Mesas-redondas simultâneas

Plenária Final


Calendário

I. Recebimento de propostas de GTs – até 10 de junho.

II. Avaliação e divulgação das propostas de GTs pela Comissão Científica – até 20 de junho.

III. Submissão de trabalhos completos ou pôsteres para os GTs – de 21 de junho a 1° de agosto.

IV. Avaliação e divulgação dos resultados pelo(s) coordenador(es) dos GTs – até 15 de agosto.

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